terça-feira, 8 de março de 2011

Compreensão muda estado

























Sou tão tanso que custo um pouco a me habituar com essa coisa de que o que escreve depois aparece antes. Na verdade, o que estou escrevendo agora é, de certa forma, uma continuação do que a Tania escreveu (custo também a escrever o nome dela sem assento, mas ela resolveu querer assim). Aliás, sou tanso para muitas coisas. Veja só: uma delas, que se esclareceu no papo de ontem à noite numa pizzaria turca (!), foi que pude compreender que aquilo que tanto me estava irritando, a rapinagem, não era nada mais que a necessidade de algumas pessoas. Eles, os 'chicletes', estão meramente tentando 'se virar', ganhar algum de quem pode dar, afinal não viemos até aqui de ônibus nem trouxemos marmita ou algo do gênero. Pelo contrário, pelo simples fato de estarmos aqui, já significa que estamos em melhores condições (financeiras, claro) que a maioria deles. Talvez o título de hoje devesse ser 'Compaixão muda estado'.

Depois de passar um bom tempo tentando resolver a história de como iríamos despachar para casa o tais famosos tapetes que compramos, e de termos a sorte de passar na frente de uma agência FedEx que não havíamos conseguido descobrir o endereço (nem no Google nem no site deles, como se saber o endereço nos ajudasse muito), de carro, em pleno centrão da cidade nova, e descobrir que nos custaria algo como mil euros para despachar (!), resolvemos perambular mais um pouco pela medina, em busca da casa onde viveu nosso querido Sirdar Ikbal Ali-Shah - o motivo de nossa vinda a Tanger. Ainda não foi desta vez mas...

Paramos para almoçar num boteco qualquer e comer peixe frito. No final, perguntamos ao garçon se ele sabia onde era o tal riad metido dentro da medina. Ele sai para se informar, e o que acontece então? Aparece ele com outro cara que diz saber. Já sei, vais dizer: começa tudo outra vez... Não! Desta vez resolvi que queria a todo custo combinar um valor com o cara. Teve que haver uma certa insistência minha, mas, com sorrisos, convenci Bashir a deixar tudo pré-acertado. E... o cara foi um gentleman. Doido de pedra, desdentado dos anos 70, falando dos Rolling Stones, nos trouxe ao cenário, mais que riad, em que estamos. Eu, banho tomado, vestindo meu jelaba novo, Tania, como sempre com nenhuma roupa adequada (todos sabem que só se veste com seus 'trapinhos' brasileiros), bebo um vinho de Meknes, enquanto cinco pessoas esparam para nos servir o jantar.Vão hoje as fotos desta 'nossa praia'.

Um comentário:

Unknown disse...

Lindas as fotos!! E a mãe com seus trapinhos, fui obrigada a rir!! ;)