quarta-feira, 13 de março de 2013

Marrakech: vibrante, múltipla, loud, trash & chic


Chegamos em Marrakech ao anoitecer e a cidade já impressiona por ser muito mais moderna e bem construída do que o esperado. Mal largamos as malas no espetacular hotel onde foi gravado o filme “Sex and the City”, o Sofitel Marrakech Palácio Imperial, e partimos a pé para a praça Jemma al-Fnad, centro da Medina, coração do Marrocos, ponto fervilhante da cultura local. Lugar de fortes emoções, onde tudo acontece.




No fim da tarde começam a rufar os tambores chamando as pessoas, as barracas são montadas diariamente para servirem as comidas mais deliciosas e exóticas que se pode ver assim, na rua. Cores, fumaça, diversidade em todas as suas nuances. Contadores de histórias se apresentando, malabaristas, grupos de dançarinos (no Marrocos são os homens que dançam), encantadores de serpentes, macacos adestrados, vendedores de água (que agora só servem para serem fotografados, porque ninguém é louco para tomar água que não seja mineral!) Tudo passando: pedintes, crianças, vendedores mil, turistas mochileiros, mulheres de burka, lindas orientais, homens de jelaba, todo tipo de credo, vestimenta, língua, cultura. Escolhe-se pessoalmente os frutos do mar servidos no jantar, comido com as mãos, sentados em tendas, como em um filme. Depois passam mulheres vendendo doces, que são espetaculares, assim como guardanapos para tirar a gordura das mãos. O legal aí é sair dos condicionamentos ocidentais e se sentir livre para saborear a vida de outra maneira, nesta caldeira escaldante e borbulhante de cheiros e gostos indescritíveis.










            A noite foi arredondada por um encontro de risadas enluaradas, vinho e a vista de uma das piscinas mais glamurosas do planeta. Acho que nunca na vida me senti tão inspirada para escrever quanto neste dia. Meu coração mais uma vez batia em compasso com o da mãe África: estava exaltado, queria gritar, cheio de amor por este continente, este país.


            Logo cedo no outro dia, fui fazer meu “reconhecimento” da cidade através de uma corrida exploratória. Percorri 15 km a trote, observada por olhares atentos. Minha impressão foi de que a cidade, fora da Medina, é meio que uma Brasília do oriente, em tons ocre e com arquitetura distinta, obviamente: longas quadras, avenidas enormes em muito bom estado, áreas separadas para os hotéis, para os shoppings, para os bairros residenciais. Percorri as avenidas Mohammed V e VI, com seus charmosos restaurantes, sorveterias e cafés. Cada praça do meu trajeto era um novo suspiro. Uma cidade que respira cultura e tradição, mas ao mesmo tempo tem todos os benefícios do mundo ocidental, com a diferença dos camelos e pôneis nas esquinas, no caso de uma carona necessária. Cada carro que passava era uma buzinada e uma gracinha pronunciada em todas as línguas até que se obtivesse a resposta desejada: um sorriso ou ao menos um olhar.




            De dia muitos palácios e madrassas para conhecer, a arte árabe no seu esplendor através do olhar marroquino. Artistas de extremo bom gosto e minuciosos em seu trabalho, transportando-nos para outro mundo. Luxo, beleza e sutileza. Além disso, a Medina! Ah, a Medina de Marrakesh! Enorme, linda, completa, tem de tudo que um turista gosta e quer. Lugar para se esparramar, negociar, fazer amigos, pois é negociando que se fazem amizades no Marrocos. Luminárias de bronze, joias de prata, ouro, objetos da áfrica, tapetes, milhões de tapetes: dos berbéres, tuaregues, nômades... Não tem desculpa para não comprar: cartão de crédito, envio postal (que funciona, são super sérios nisso, sabemos de muitas experiências bem sucedidas).
            A grande mesquita, com o minarete da Koutoubia, é o centro de toda a cidade. Nesse lugar nos sentimos no centro do mundo, misturando Ocidente e Oriente, todos em perfeita sintonia. Na hora do pôr do sol, o muezim solta a voz enquanto os tons de laranja iluminam os sorrisos felizes de todos os expectadores, extasiados com o momento. Ninguém deveria morrer sem ver isso ao menos uma vez.

Nesta noite, pegamos até uma balada! No final das contas, as únicas boates que vendem álcool são as de dentro dos hotéis internacionais, e o nosso era o melhor deles, portanto estávamos hospedando a melhor boate! Coloquei uma roupa meio larga para garantir que não ia dar escândalo, mas para minha surpresa eu era a mulher mais bem comportada da festa. Alas Vips se empoleiravam em diversos níveis de altura (quanto mais dinheiro, mais alto!) enquanto uma banda tocava. O custo de um mojito era o equivalente a 45 reais, ou seja, hoje era o meu dia de piriguete, ou não teria dinheiro para beber. (Hahaha, o fim do julgamento!). As garrafas de espumante e vodka desciam com foguinhos acesos, baldes iluminados, cada uma custando mais de mil euros. Gente jovem, bonita, flashes e mais flashes por todo lado. A conclusão foi a de que esse tipo de balada é igual em todo o mundo: uma grande batalha de egos. Fizemos amizade com alguns marroquinos e dançamos noite adentro, cercadas por homens grudentos que rapidamente se apossavam como nossos donos, ao ponto de quase ser necessário chamar a segurança. A cultura machista de lá é realmente pesada neste ponto.





            Outro ponto alto de Marrakech é a casa do Yves Saint Laurent, no bairro Guélis. A casa mais estilosa e fashion do mundo, com seu jardim de cactus de todas as espécies possíveis, o jardim Majorelle. Tons de azul e amarelo fazem de todas as fotos um primor. Fiquei só imaginando tudo o que já rolou naquela casa em termos de festas, reuniões, encontros de gente louca, legal, surfando a crista da onda em termos do que a vida pode oferecer. Cada cantinho do lugar tem resquícios desta energia. A gente fica exaltado, até um pouco “high”. É imperdível.






Por essas e por outras, afirmo que Marrakech é uma destas cidades do mundo que é preciso ver para crer. Must go, e ponto.” 

2 comentários:

Assis de Mello disse...

uhuuu!! Que delícia esses relatos!!!
Quero marroquear.
E aquele lance das cobras hem!!! Peçonhentas legítimas ou paraguaiada??

Unknown disse...

A princípio elas são treinadas... e não devem ter veneno né? Os caras não são doidos de envenenar um turista! hhahahaha