quarta-feira, 13 de março de 2013

Caminho Essaouíra – Marrakech: o Big Sur marroquino


Este trecho da viagem é realmente fantástico. Margens escarpadas, cânions, curvas sinuosas, o mar sempre azul à direita, tamareiras e palmeiras em peso. É o próprio Big Sur californiano, com um pouco menos de infra.



Em uma das paradas na estrada, fomos conhecer a cooperativa das mulheres que fabricam artesanalmente o óleo de argan, tão conhecido agora internacionalmente como excelente para os cabelos, e pelo qual se paga verdadeiras fortunas nos salões de beleza. Trata-se de uma sala enorme, cheia de mulheres sentadas no chão, quebrando as cascas do argan, duras feito aço, com uma pedra. Olhares baixos, dedos enfaixados, judiados, mãos acabadas, mãos que trabalham. 



A grande maioria delas é mais velha, todas muito pobres e algumas viúvas. Perder o marido no Marrocos pode ser uma verdadeira desgraça, por isso elas se juntam em cooperativas para garantir o seu sustento. Ah, as mulheres, sempre dando um jeito de sobreviver. Mas antes que ficássemos com pena, elas fizeram uma pausa no trabalho, sinalizada por uma barulheira de panelas feita por uma delas. Cada uma pegou seu instrumento musical, juntaram-se todas em um canto e começaram a tocar, alegres, enchendo o ambiente de vida! Palmas, cantoria, dança, sorrisos.


Olhava para elas e via que, apesar da miséria, decidiram que ser feliz é melhor do que ser triste. Aliás, pareciam muito mais felizes e livres do que muita gente que tem tudo, inclusive eu, em alguns momentos da vida. Até que um novo batuque diferente anunciou que deveriam voltar ao trabalho. E aí se foram, sem reclamar ou fazer cara feia, de volta a seus postos.
Após enchermos sacolas e mais sacolas de produtos de argan, partimos novamente, com o coração preenchido. Tum, Tum, Tum.

Um pouco mais a frente, paramos para almoçar na charmosa vila de Taghazout, onde mesquitas e surf shops ocupam o mesmo espaço físico. Lugar de surfistas e muitos turistas gringos atraídos pelas ondas, Taghazout é uma cidade cosmopolita e deve ter menos de 10.000 habitantes. Escuta-se todo tipo de línguas e vê-se todo tipo de gente. O mar estava cheio de pontinhos, indicando um dia de ondas grandes. O muezim mais uma vez cantava ao fundo, chamando para prece. Do mar, os surfistas escutavam e contemplavam a vida, o sol, a beleza do momento.



Paramos em um café estilo francês, com deque de madeira e wifi, comemos uma refeição deliciosa e tiramos muitas fotos. Uma pena não poder ficar mais tempo ali, adorei a “vibe”.





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